Tomada de Posição – A propósito do debate sobre a Eutanásia em Portugal

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A propósito do debate sobre a Eutanásia em Portugal

“Parece que hoje a criatura humana se encontra numa particular passagem da sua história que, num contexto inédito, se depara com as antigas e sempre novas interrogações sobre o sentido da vida humana, acerca da sua origem e do seu destino” – Papa Francisco
Estas palavras do Papa Francisco serviram como linha inspiradora para a celebração da “Semana da Vida” reconhecendo que a sociedade de hoje debate temas decisivos como a legalização da eutanásia, que dizem respeito à defesa da vida, ao respeito da Dignidade da Pessoa e à promoção do Bem Comum.

Estes são temas absolutamente centrais para a ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores, pois são traves-mestras da liderança cristã e de serviço que promovemos, da criação de valor (económico, social, cultural e ecológico) e de inspiração do Amor e da Verdade como critérios de Gestão. Enquanto ACEGE e nos nossos locais de trabalho, sentimo-nos chamados a promover um legado de esperança para o futuro, a promover uma cultura de trabalho que seja integradora e justa, a defender as pessoas como o centro das organizações, contribuindo para uma finalidade e propósito maior, mais exigente e de maior superação.

Neste contexto, associamo-nos a todas as iniciativas que promovam o valor da Vida e, no caso presente, condenem a possível legalização da eutanásia. Mas, mais importante, queremos tomar parte e ajudar na busca de novas soluções, de novos caminhos que promovam a dignidade de cada pessoa e o propósito da sua vida.

Conforme foi referido no documento conjunto inter-religioso, absolutamente histórico por representar uma unidade nunca alcançada, “a sociedade tem de se tornar “globalmente paliativa”, o que implica criar mecanismos legais que permitam às famílias cuidar dos seus doentes e, em particular, dos que estão em fim de vida. “Tal como existem há licenças para acompanhar a maternidade e a paternidade, o mesmo deverá acontecer com o acompanhamento das pessoas que estão doentes e que precisam de ajuda e proximidade. Porque é “basicamente na questão da proximidade que o problema se põe”, conforme afirmou o cardeal Patriarca de Lisboa.

Este não é um tema que se coloca a quem está em sofrimento e quer terminado esse mesmo sofrimento. É um desafio para toda uma vida que toca de forma central as empresas, os empresários e gestores, a cultura que defendem, os princípios em que acreditam.

Conforme é referido na Doutrina Social da Igreja (132) “uma sociedade justa pode ser realizada somente no respeito pela dignidade transcendente da pessoa humana. Esta representa o fim último da sociedade, que a ela é ordenada: «Também a ordem social e o seu progresso devem subordinar-se constantemente ao bem da pessoa, visto que a ordem das coisas deve submeter-se à ordem pessoal e não o contrário». O respeito pela dignidade da pessoa não pode absolutamente prescindir da obediência ao princípio de considerar «o próximo como “outro eu”, sem excetuar nenhum, levando em consideração antes de tudo a sua vida e os meios necessários para mantê-la dignamente». É necessário, portanto, que todos os programas sociais, científicos e culturais sejam orientados pela consciência do primado de cada ser humano.

São múltiplas as oportunidades para nos manifestarmos em favor da Vida. Assim, exortamos os nossos associados a participar e a afirmar publicamente a defesa destes princípios, elevando a sua voz e a sua convicção em defesa dos princípios em que acreditam. Mas também a tomar posição, na coerência da sua vida e no testemunho quotidiano das suas vidas de trabalho, nas suas empresas, junto dos que são mais próximos, atendendo às particularidades de vida de cada um, em particular dos que mais necessitam e mais sofrem.

Nesta “Semana da Vida” e nestes tempos que vivemos quisemos dizer simplesmente: Sim à Vida, sempre!

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