Testemunho da vida de P. António Vaz Pinto, sj

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O Padre António Vaz Pinto “atravessou” literalmente a minha vida como “um raio de Deus” e umexemplo que era um “farol” de inspiração, nestes últimos 22 anos.
Era um Homem extraordinário e um Evangelho vivo, enquanto “Rosto de Deus”.
Não vou falar da sua “obra” sobejamente conhecida, deixando “marca” por todo o lado :
– o Banco Alimentar contra a Fome;
– os Leigos para o Desenvolvimento;
– o Centro Universitário Padre Manuel da Nóbrega (CUMN), em Coimbra;
– o Centro Universitário Padre António Vieira (CUPAV), em Lisboa;
– o Fórum Estudante;
– a produtora Futuro;
– o Centro São Cirilo para Imigrantes, no Porto;
– o ter sido o primeiro Alto Comissário de Portugal para os Imigrantes;
– em São Roque e na actual Brotéria, etc, etc…

Vou falar dele como grande Amigo sempre presente e do Homem e qualidades raras que apreciava:
– Tinha uma capacidade empreendedora rara como não me lembro de ter conhecido;
– Era um líder, mas um Líder com L grande que lançava, inspirava, catalizava, formava,
agregava, e depois (qualidade rara) sabia “largar” e “passar o testemunho a outros” (Isabel Jonet, Rui Marques, tantos SJ, etc.) deixando grãos de trigo que germinavam como espigas;
– Era um Homem profundamente Multidimensional que sintetizava diferentes dimensões da vida (pessoal, espiritual, familiar, social, apostólica, filosófica, cultural, gastronómica, lúdica, leitura e escrita, etc, etc) tendo levado uma “vida de papo cheio” como se costuma dizer, profundamente grato por toda a vida que Deus lhe concedeu e os inúmeros amigos;
– Era um enorme contador de histórias saborosíssimas, um leitor compulsivo e um escritor;
– Recordo os cerca de 15 anos de férias de Verão que vivíamos em conjunto em Moledo do
Minho umas cerca de 15 – 20 famílias e que eram um “bálsamo” que incluía Eucaristia e
pontos de meditação de manhã, banhos nas ondas oceânicas, passeios culturais pela Rota
do Românico no Minho e degustações gastronómicas de tapas em casas de amigos ao jantar;
– Recordo os muitos anos em que foi Assistente do “Grupo da Carta” de que fazia parte (e dos jantares anuais de Natal em nossa casa) e de muitas CVX que acompanhou ao longo da vida;
Recordo os milhares de quilómetros palmilhados em inúmeras Peregrinações / viagens :
– pelos Caminhos de São Paulo na Turquia e na Grécia;
– pelas “raízes” da Companhia de Jesus no País Basco, em Loyola e Javier;
– pelos Santos da Europa Central, na Polónia, Áustria, República Checa, Eslováquia e Hungria;
Recordo os passeios culturais pelo Minho e pela “sua” Coimbra. Tinha uma cultura enorme;
Recordo a disponibilidade que sempre teve para ser parte e estar presente em momentos
chave da minha vida : nas celebrações dos meus 50 anos e dos meus 60 anos, do casamento do meu Filho Diogo, de encontro familiar alargado da minha Família Vasconcelos Porto, de encontro de jovens do Camtil na Casa da Carreira;
– Foi uma alegria imensa poder estar com ele no festejo dos seus 80 anos, numa festa
maravilhosa, rodeado de dezenas de Amigos, e que ocorreu 3 dias antes de se ter iniciado o seu processo de Páscoa a caminho da Eternidade que hoje se concretizou;
-Deixa profundas saudades e um enorme Legado :
o “Marcou” de forma profunda a vida de todos com quem a vida o cruzou;
o Foi um “Rosto de Deus” que anunciou o Evangelho no “mundo real”;
o Toda a sua vida foi um testemunho vivo que nos deixou;
o Vivia em profunda Alegria e Paz com Deus, consigo mesmo e com os outros;
o Vivia plenamente a Morte como a porta da Ressurreição. Dito e vivido;
-Um enorme OBRIGADO por tudo o que nos deu, nos inspirou e nos deixou, a todos os que
tivemos o privilégio de o conhecer.
-Um “até mais logo” no abraço da Eternidade, à volta da mesa do “Seixas Terrace Divino”
(com “pimentos padron”, mexilhões, sopa de espinafres, e, por vezes, “arroz de lampreia”).

 

Texto por António Porto Monteiro

01-07-2022