efr: um novo modelo para a gestão da conciliação

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De acordo com vários estudos, é crescente o número de pessoas que consideram que o salário já não é o mais importante numa profissão, embora esta afirmação possa não se estender a todos os grupos de colaboradores. Na qualidade de parceira, desde 2015, da Fundación Másfamilia, a ACEGE é co-emissora do certificado efr, o qual se traduz numa ferramenta de excelência de gestão da conciliação nas empresas, organizações sociais, entidades da área da educação e também nos municípios
POR ACEGEHoje em dia, para um número crescente de pessoas, ganhar um salário já não é o mais importante quando se pensa nas vantagens de ter um emprego. Também, na actualidade, estão a aparecer de forma inequívoca diferentes conceitos, como os “Total Rewards” e o salário emocional, o employer branding, a guerra pelo talento, a flexibilidade, a responsabilidade social, a reputação corporativa, o investimento socialmente responsável, as gerações, e ainda a felicidade no trabalho. Todos estes conceitos pertencem a um novo cenário onde o empregado e o empregador devem aceitar e enfrentar em conjunto os desafios do século XXI com um novo modelo.

Este cenário está, aliás, a ser claramente influenciado pelo que se adivinha que seja uma nova ordem laboral cimentada em duas circunstâncias – ambiente de pleno emprego e maiores qualificações do colaborador -, bem como por um conjunto de factores de índole social que se traduzem, com maior ou menor sucesso, numa série de indicadores. Podemos citar os seguintes:

  • Natalidade: cada vez temos menos filhos;
  • Infância: aumento alarmante de doenças psicossociais e de comportamento;
  • Igualdade de género: apesar da incorporação da mulher no mercado de trabalho a uma velocidade significativa, continuam a existir “telhados de vidro”;
  • Seniores: o aumento da esperança de vida introduz um fenómeno que é o aparecimento de dependentes (sem mobilidade ou com mobilidade reduzida) que antes não existiam.

Mas todos nós sabemos que esta tensão, este esforço social não se tem traduzido como seria de esperar. Para além dos números globais de crescimento económico e do emprego que, salvo excepções, se consideram satisfatórios por se situarem acima dos números de vários países europeus, encontramos outras realidades decepcionantes em matéria de produtividade, competitividade, flexibilidade de trabalho, etc.

Em que consiste a efr?

A Fundación Másfamilia desenvolveu um novo Modelo de Gestão (efr) baseado na gestão da conciliação e que contempla a certificação de uma terceira parte baseada na cultura internacional ISO de evolução da conformidade.

A efr é um movimento internacional que, fazendo parte da RSE, dá respostas em matéria de responsabilidade no que diz respeito à conciliação da vida pessoal, familiar e laboral, apoiando a igualdade de oportunidades e qualidade no emprego.

Talvez a característica mais assinalável, ainda que possa não ser a mais importante, seja a existência de uma certificação e de uma marca associada.

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A marca é o elemento visualizador do processo, é o branding do empregador, é a bandeira que esperamos que seja reconhecida e procurada pelos consumidores, colaboradores, empregadores, investidores para exercerem os seus valores. A marca é a insígnia do século XXI, o comprovativo de qualidade para a gestão de uma empresa. Esta deve sustentar-se com base num processo rigoroso, objectivo e profissional. A mesma só deve ser concedida a quem o merecer, porque assumiu um compromisso estratégico a longo prazo.

Esta é a diferença fundamental, ainda que não a única, quando comparada com os prémios. Estes são concedidos com base num esforço já realizado, que se valoriza e premeia sem nenhum compromisso futuro. A marca, por outro lado, apoia-se num processo de certificação de terceira parte. Esta foi a opção escolhida, já que de entre todas é a mais exigente, rigorosa e objectiva.

Quanto à certificação, as entidades de certificação, em alguns casos centenárias neste processo, comprometem o seu prestígio, trabalhando para esta iniciativa e sendo ainda supervisionadas pela própria Fundação através de procedimentos de admissão, supervisão e controlo, que actua como quarta parte e garante.

Para que uma entidade possa certificar, é necessário a concretização de um protocolo ad hoc, a existência de um referencial ou o que normalmente se denomina de normas ou documentos normativos. Estes devem integrar os requisitos objectivos (qualitativos e quantitativos) e de carácter obrigatório para as empresas que desejem certificar-se. Actualmente existem mais de 20 documentos normativos desenvolvidos pelo Modelo efr 1000.

O desenvolvimento normativo é suportado pelo Modelo de Gestão e baseado na melhoria continua que se sustenta a partir de seis grupos de medidas:

  • Liderança e Estilos de direcção;
  • Estabilidade no emprego;
  • Flexibilidade laboral e espacial;
  • Apoio à família dos colaboradores;
  • Desenvolvimento pessoal e profissional;
  • Apoio à igualdade de oportunidades.

O modelo de gestão propriamente dito baseia-se nos postulados de Edward Deming e Abraham Maslow. Em definitivo, a iniciativa efr aposta nos postulados universais da gestão que se demonstraram úteis em muitas outras áreas de gestão como a qualidade, a protecção do meio ambiente, a prevenção de riscos laborais e, inclusivamente a excelência.

E que opinião tem Maslow sobre isto?

Maslow contextualiza perfeitamente a iniciativa efr na empresa e nas sociedades modernas.

Ultrapassados alguns níveis (que resultam, no seu tempo próprio, de muitos aspectos como a idade, situação pessoal/familiar, etc.), as pessoas não encontram no salário todos os factores de atracção e/ou de retenção.

Recordemos, além disso, que contributos são necessários para se obter a certificação e o direito de uso de marca final:

  • Cumprir com legislação nesta área que seja obrigatória (incluindo o acordo colectivo de trabalho / para a actividade, localização, etc.);
  • Ter o compromisso da direcção com a conciliação e a melhoria continua;
  • Dispor de um projecto e a posterior implementação do Modelo efr, tal como se descreve nos documentos normativos e superar a auditoria externa ad hoc;
  • Obter a pontuação mínima necessária.

Já no que respeita a classificação, para além de estar baseado numa série de requisitos qualitativos (liderança, organização, políticas, objectivos, indicadores, comunicação, etc.), o modelo de gestão efr conta com uma base quantitativa associada de zero a 2 mil pontos. Esta permitiu criar quatro grandes grupos de empresas: de tipo D ou cépticas (pontuações entre zero e 300) e que não obtêm a certificação; de tipo C ou comprometidas (pontuações entre 300 e 850); de tipo B ou práticas (pontuações entre 850 e 1400); e de tipo A ou excelentes (pontuações entre 1400 e 2000).

Desta forma, só as organizações que superam a barreira dos 300 pontos (tipos A, B ou C) se consideram certificadas e, portanto, têm o direito a usar a marca enquanto mantêm em vigor a certificação.

O nosso interesse radica em envolver o maior número de organizações e obter o seu compromisso, de forma a que os seus colaboradores saibam que, para além de uma cultura e sensibilidade sobre o tema da conciliação, a sua organização tem um compromisso firme de melhorar cada três anos ou, caso contrário, perderá o estatuto adquirido.

Desde 2015 que a Fundación Másfamilia e a certificação efr contam em Portugal com a parceria estratégica da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), enquanto co-emissora do certificado efr e a entidade promotora desta ferramenta de excelência de gestão da conciliação nas empresas, organizações sociais, entidades da área da educação e também municípios.