A Excelência na Gestão: JESUS, CEO por Paulo Pereira da Silva

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Seja louvado Nosso Senhor Jesus Cristo!

Começo por recordar um final de tarde da minha já tão afastada meninice em que minha avó Rosinda me chamou de parte para me oferecer um livro que houvera sido de seu pai.

Tratava-se de uma sóbria encadernação do best-seller da espiritualidade medieval atribuído a Thomas A Kempis, a «Imitação de Cristo». [1] Como já sabia ler, podia ser guardião daquele «tesouro», com a condição de o espreitar cada dia…No caminho da vida salto trinta anos, para um encontro numa pequena livraria em Washington Sq., New York, de um livro denominado: JESUS, CEO. [2]

Este livro trouxe-me a justificação para a resposta impulsiva que dei a um desses irritantes inquéritos que os jornalistas gostam de nos enviar: qual o maior gestor de todos os tempos:

JESUS, Claro!

A liderança é peça fundamental na gestão de negócios. Dela depende em grande medida a sua «excelência».

Neste tempo em que festejamos a Páscoa do Senhor, é do uso da sabedoria neotestamentaria para desenvolver excelência na gestão que gostaria de reflectir convosco. Porquê?

Acreditem que é uma grande honra para mim estar aqui convosco, mas sinto-me bastante constrangido! È que estou em frente de tantas personalidades cheias de experiência, de quem só tenho que apreender, numa sala de alguma forma ligada à «minha» paróquia, local onde sempre venho escutar…

Razão pela qual pedi que me deixassem partilhar convosco esta pequena reflexão sobre o inesgotável mistério d’Aquele que considero o maior Gestor.

Encontrei-a na fusão dos dois livros que vos mencionei. Desse merger esboço aqui algumas ideias na esperança de que também vos possam inspirar. Se tal não acontecer é só culpa da minha notória fraqueza analítica e linguística! Verifiquem então nos originais…

JESUS, CEO ou o uso da sabedoria neotestamentaria para desenvolver uma liderança inspiradora, baseia-se em três simples premissas:

A – Uma pessoa treinou doze homens que influenciaram de tal forma o mundo a ponto do próprio tempo ser registado como antes ou depois da sua existência.

B – O seu staff era totalmente humano e não divino…um staff que apesar da sua iliteracia, questionáveis backgrounds, sentimentos facciosos, cobardia momentânea avançou no desempenho das missões que Ele os treinou para fazer. Eles fizeram-no por uma razão principal – para estarem de novo com Ele.

C – O seu estilo de liderança foi previsto para ser posto em prática por todos nós.

Os colaboradores que se vão cruzando no nosso caminho não são anjos com halos fosforescentes mas humanos, como nós, com qualidades e defeitos.

Como Jesus, também nós dependemos deles para realizar os objectivos a que nos propomos.

É, pois, na análise da vida de Cristo, sob três perspectivas: a sua força de auto controle, a sua força de acção e a sua força relacional, que tentarei encontrar ideias para uma excelência na gestão.

 Para cada uma delas tentarei apresentar uma dezena de aspectos e outras tantas interrogações sobre a nossa vida.

Vou começar com a primeira perspectiva:

1. FORÇA DE AUTO-CONTROLE

1.1.  Começo com o «statement»: Eu Sou.
E, questiono-me:

Será que já escrevi uma lista dos meus talentos, daquilo que sou? Quais os três aspectos mais relevante? (sou uma ponte)

1.2. As afirmações «Eu Sou» são aquilo que Ele veio a ser.
O que é que eu me digo a mim cada dia? Com que bons, belos, verdadeiros e puros pensamentos alimento, cada dia, a minha mente?

1.3. Ele manteve um contacto constante com o Seu «Chefe».
Sei quem é verdadeiramente o meu chefe? Com que frequência comunico com ele?

1.4. Ele focalizou-se na sua missão.
Qual é a minha missão? Consigo defini-la em duas frases? Consigo listar aquilo em que ando distraído?

1.5. Ele acreditou em si próprio.
Quanto acredito em mim?

1.6. Ele fez coisas difíceis.
Que coisas difíceis sinto, neste momento preciso, dever fazer? Tenciono fazê-las mesmo se isso significar ficar só.

1.7. Ele disse obrigado.
Digo obrigado antes de pedir algo? A Deus, ao meu chefe, ao meu staff? Apercebo-me que ter um coração agradecido pode livrar-me de precisar de um transplantado?

1.8. Ele estava num constante estado de celebração.
Quando e o que celebro? Grandes e pequenas coisas?

1.9. Ele via o amor a controlar o seu plano.
Que coisas más na vinha vida actual poderiam tornar-se em coisas boas?

Consigo enumerar algumas coisas boas que eu realizei a partir de coisa más no passado?

A quem tendo culpar quando grandes ou pequenas coisas correm mal?

Quem culpou Jesus?

1.10. Ele não subestimou pequenas coisas.
De que forma na minha vida ou no meu negócio eu estou subestimando o dia das pequenas coisas? Que coisa fiz eu hoje que gostasse de ver multiplicado?

Passo agora para a segunda perspectiva, ou seja a acção:

2 – FORÇA NA ACÇÃO

2.1. Ele via tudo como estando vivo. (cheio de possibilidades)
Que situações na minha vida considerei «mortas»?

Como é que as minhas acções podem alterar as minhas prioridades e a minha maneira de estar no planeta?

2.2. Ele actuou.
Quanto activo e criativo sou eu? Estou a fazer coisas novas ou sou só «esponja»? Posso fazer mais? Quando? Onde?

2.3. Ele tinha um plano.
Qual é o meu plano? Escrevi-o? Está claro? Pode ser comunicado? É exequível? Como o posso executar? Quando o vou começar?

2.4. Ele formou uma equipa.
Que partes de projectos continuo eu a tentar fazer sozinho? Porquê? Qual é a minha verdadeira equipa, remunerada e não remunerada? Qual poderia ser?

2.5. Ele via as coisas de maneira diferente.
Que vejo eu de forma diferente? Algo que poderia ou deveria ser mudado? Que estou a fazer para que isso aconteça?

2.6. Ele quebrou barreiras.
Se eu fizer o que está verdadeiramente no meu coração, com quem ou com o quê entraria em conflito? Sei descrever as «tropas» que me acompanham? Que medos ou conflitos me impedem de ser um líder?

2.7. Ele era visível.
Como sou visível enquanto líder? Quais serão 10 novas maneiras de aumentar a minha visibilidade?

2.8. Ele treinou os seus substitutos.
Quais seriam os benefícios da minha substituição no topo da mesa? Estou seguro?

 «Senhor,…Vós tendes nas mãos o meu destino. » [3]

2.9. Ele veio para ser uma bênção.
Como posso eu ser uma maior bênção para os outros? Com o que se parece uma bênção? Quem foi uma bênção para mim? Como?


2.10. Ele sabia que não estava só.
Sinto algum poder superior que cuida de mim de forma pessoal? Que diminutivo escolheria para Deus? Este pensamento ofende-me? Se sim, porquê?

Finalmente o ultimo aspecto a sua força no relacionamento:

3 – FORÇA RELACIONAL

3.1. Ele deu-lhes uma visão de algo maior do que eles.
Que respostas dariam os meus colaboradores se lhes perguntassem: «qual é o vosso trabalho?». E mais importante: «porque é significativo o vosso trabalho?» Será que lhes comunico os mais altos propósitos para as suas actividades?

3.2. Ele disse sim.
Experimentei alguma vez 24 horas a dizer sim aos pedidos dos outros? Quando disse eu sim de forma espontânea e fiquei contente de o ter dito? Não deveria praticar com alegria e confiança o dizer mais vezes sim? (o mundo está cheio de nãos)

3.3. Ele estava aberto aos outros e a suas ideias.
Quando ouvi e implementei uma ideia de um colaborador? Acho que todas as boas ideias vêm de mim?

3.4. Ele foi transparente perante eles.
Que factos ou situações estou a ocultar do meu staff? Que obstáculos me impedem de ser um líder transparente?

3.5. Ele acreditou neles.
Como posso mostrar ao meu staff que acredito nele?

3.6. Ele perdoou-lhes. Serviu-os. Amou-os. Defendeu-os.
Que situações tive que perdoar recentemente? Pensei em dez maneiras de melhor servir o meu staff? Se os meus colaboradores tivessem que descrever os meus sentimentos para com eles, quem diriam que eu amava? Porquê? Como posso mostrar o meu amor pelo meu staff? Embaracei algum em público? Consigo lembrar-me de três vezes em que tive que escolher entre repreender ou defender um colaborador? Quais foram as consequências?

3.7. Ele deu-lhes autoridade.
Quanta autoridade dou? Que indicações dei aos meus colaboradores sobre o que eles podem e não podem fazer? Que áreas de autoridade ainda não partilhei com eles? Porquê?

3.8. Ele brincou com eles.
Quando brinquei com os meus colaboradores pela ultima vez? Quando ri com eles pela ultima vez? Estou a conduzir as minhas pessoas para uma mesa ou para uma festa?

3.9. Ele via-os como dons de Deus para ele.
Acredito que o meu staff é um dom de Deus para mim? Trato-os de acordo com isso? Consigo ver um aspecto em cada um deles que fosse cuidadosamente escolhido para as minhas necessidades? Consigo ver um aspecto em cada um deles que fosse cuidadosamente escolhido para a minha alegria?

3.10. Ele amou-os até ao fim.
Comprometi-me a amar o meu staff aconteça o que aconteça? Pus a minha confiança nesse amor mesmo em presença de uma separação?

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Caríssimos amigos,

Somos nós que formamos o nosso destino, o que acreditamos pode ser no que nos tornamos, o que acreditamos podemos fazer.

A «excelência», para mim, aí reside!

Foi um privilégio estar aqui convosco hoje. Também uma alegria celebrar convosco um memorial de Cristo, enquanto líder. Ele que disse «quem me segue não anda nas trevas» [4]

Termino, desejando do fundo do meu coração que, no nosso caminho, cada um de nós consiga a verdadeira excelência que não será senão a da resposta que o autor dessa obra-prima que é a Sequência Pascal [5] pôs na boca de Maria (Maria Madalena) quando perguntou:

Dic nobis Maria, quid vidisti in via?

(Diz-nos Maria, o que viste no caminho?)

Caríssimos amigos: Nós sabemos a verdade: o Senhor venceu a morte!

Tem piedade de nós!

Muito obrigado pela paciência que tiveram comigo.

[1] Thomas A Kempis, «Imitação de Cristo»

[2] Laurie Beth Jones, «JESUS CEO: Using Ancient Wisdom for Visionary Leadership

[3]  Salmo 16, 5

[4]  João 8,12

[5]  Cf. Hino Victimae Paschali:

Dic  nobis  Maria,   quid  vidisti  in  via?

Tell  us  Mary,  what  you-saw  in  (the)  way ?

Sepulcrum  Christi  viventis,   et  gloriam  vidi  resurgentis:

(The) tomb  of-Christ  living,  and the-glory  I-saw  of-His-arising: 

Angelicos  testes,  sudarium  et  vestes.

The-angelic  witnesses,  the-towel,  and  the-clothes.

Surrexit  Christus  spes  mea:  precedet suos in Galilaeam. 

Risen-is  Christ  hope  my :  He-will-go-before  His-own  into  Galilee.

Scimus  Christum  surrexisse  a  mortuis vere :  tu nobis,  victor  Rex,  miserere.

We-know  (that)  Christ  has-risen  from  (the)  dead  truly :  You  to-us,  O victor King,

 have-mercy.

Amen.  Alleluia